Contracções (de treino)
Hoje vou falar numa preocupação de agora (30 semanas) para
variar um pouco dos flashbacks. Neste caso sobre a minha saga com as contracções
Braxton-Hicks.
Tudo começou numa consulta de rotina, por volta das 22
semanas, onde a médica me pergunta, entre outras coisas, se tenho contracções.
Resposta imediata “não”. Mas fiquei avisada que a partir daquela altura poderia
começar a senti-las.
Depois comecei a ouvir outras grávidas a comentar que
sentiam as contracções (umas mais, outras menos), ficavam com a barriga muito
dura durante uns segundos e depois passava. Pois, barriga dura tenho eu sempre.
Antes dela começar a crescer, o sinal que deu que algo se estava a passar, foi eu
começar a ficar com ela muito quente e muito dura. Parecia que tinha
desenvolvido abdominais de aço. Ainda agora, em que ela já está grandinha,
continua muito dura (pelos vistos tinha uma boa parede muscular). Portanto,
não, nunca senti a barriga MAIS dura.
Mas fiquei com a pulga atrás da orelha. E comecei a reparar
que às vezes sentia uma grande pressão lá em baixo, na “linha da cueca” durante
alguns segundos e depois passava. Seria isso as contracções? Na consulta
seguinte, quando a médica me fez a mesma pergunta, falei nessa pressão. Ela não
achou que deviam ser contracções. “Deve ser o bebé a fazer pressão”. Afinal de
contas ele já estava de cabeça para baixo e a pressionar a bexiga (quando
andava, já me fazia impressão). Descartou-se infecção urinária e ficámos por aí.
Tinha duas semanas para monitorizar essas sensações, tentar perceber se
pioravam com o cansaço (geralmente as contracções de treino pioram) e daí a
duas semanas na consulta com a enfermeira iria ver disso. Porque se fossem, era
sinal para abrandar o ritmo (ou seja, deixar de trabalhar).
Bem, nessa altura é que fiquei mesmo com isto das contracções
na cabeça. Elas são normais de acontecer (é o musculo do útero a treinar para
quando for a sério), mas quando são demasiadas, podem levar ao rompimento
prematuro da bolsa (e nós não queremos isso).
Fui pesquisar melhor, e houve uma descrição que já me dizia
qualquer coisa “sentir a barriga a esticar”. Ok, isso sim, era o que eu sentia.
Sentia-me como se ficasse muito inchada, como um balão, e depois passava. E
nessas alturas lá sentia a pressão na bexiga. Se calhar estava mesmo com
contracções.
Uma dessas vezes, estava ao pé do namorado e disse para ele
pôr a mão na barriga para dizer se a achava dura. “Yah, está bué dura!!!!” “Pois,
acho que são contracções…” “O QUÊ?!!”. Foi aqui que descobri que me tinha
esquecido de o informar sobre estas contracções de treino. Lá tive de descansar
o rapaz a dizer que não, não era para irmos para o hospital, o bebé não ia
nascer naquela noite (lembrem-se disso e avisem os vossos respectivos, por
favor).
Comecei a ver que isso piorava com o exercício físico, e com
os longos dias de trabalho. Lembro-me especificamente de um final de dia de
trabalho, que das 19h ás 20h não parei para respirar, quanto mais descansar, e que
quando estava a sair do trabalho e no caminho para casa (5 minutos a pé, sempre
a subir) tive várias contracções (aí comecei mesmo a convencer-me que era contracções).
Também reparei que quando tinha a bexiga cheia tinha contracções (ou será que
eu ao ter a contracção reparava que tinha a bexiga cheia?), e pelo que li,
também era normal de acontecer.
Chega o dia da consulta com a enfermeira. Antes dela começar
a falar dos supostos desconfortos do 3º trimestre (supostos porque sinceramente
não tenho nenhum, pelo menos ainda), falei-lhe logo disso das contracções e que
a médica tinha dito para controlar e para falar com ela sobre isso.
Começo por dizer que não tenho a certeza de serem
contracções, pois não são “textbook”. Descrevo o que sinto. Ela começa por
perguntar/dizer se não será o bebé a fazer pressão. Já preparada para essa
pergunta (pois tinha tido tempo para pensar nisso) confirmo que é uma sensação
diferente, pois com 28 semanas já tinha bem a noção de como era o bebé a fazer
pressão (e ele já pressionava bastante). Aponto para a área onde sinto essas
pressões. Ela diz que nas contracções, a barriga fica como uma bola de futebol,
redonda, dura, em cima e em baixo e dos lados. Pois, volto a dizer que dura
está sempre, e como eu tenho a barriga baixa, nunca sinto nada muito para cima.
Descrevo também que isso me acontecia em situações em que normalmente levam a
contracções, e ela já começa a pensar que se calhar eu tenho razão. Afinal de
contas, todos nós sentimos as coisas de maneira diferente, portanto, porque
não?
A enfermeira fala com a médica que sugere que eu fique 10
dias de baixa para ver se melhoro. Epah, 10 dias de baixa para fazer uma
experiência? Sem ter experimentado o magnésio primeiro? Não me parece.
Entretanto faço o teste para a infecção urinária, e aparece lá bactéria na
urina. Novo telefonema para a médica, ordem para marcar consulta com ela para o
próprio dia para ela passar antibiótico. É que as infecções urinárias podem
provocar contracções. Esquecemos a baixa, e ficámos com o antibiótico e o
magnésio e a promessa que iria abrandar o ritmo. Em princípio é para passar.
Acontece que nesse dia e no seguinte estive bastante pior,
mas parece que andei desidratada (e a desidratação leva a contracções). Depois
disso, melhorei bastante, só tive mais uma “crise" de contracções (parece que
tenho de deixar a passadeira no ginásio) e de resto, só ocasionalmente, tal
como é suposto.
Conclusão, nem todos sentimos as coisas de forma igual: há
quem não sinta uma única contracção durante a gravidez, há quem as sinta da
maneira como toda a gente as descreve, há quem as sinta de outra maneira e há
quem as tenha e não faça ideia que as tenha. Desde que não apanhem as costas
(pelos vistos isso não é suposto) e não sejam com dor, estamos num bom caminho.
Agora só tenho de ver a frequência que acham normal, pois pelos vistos ninguém se
entende com isso, cada profissional de saúde diz a sua. O mesmo vale com a
baixa: há médicos que acham que é motivo de baixa de risco, outros nem por isso.
Portanto se tudo correr bem, dia 20 logo fazemos nova
avaliação das contracções e ponderamos se é altura para deixar o trabalho ou
não. Se tudo correr bem pois se tiver uma crise de contracções muito seguidas
poderei ter de ir fazer uma visita às urgências. Esperemos que não.
Vamos a ver o que a sorte me traz. See yah.
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