Flashback: E lá fomos para indução...

Pessoalmente não estava como muito medo do parto, era uma coisa que não pensava muito. Os meus maiores medos eram entrar em trabalho de parto cedo demais (e não ter o marido cá) e não entrar em trabalho de parto e ter de ir para indução.
 
Pois bem, fui para indução. Ah e tal, "colo do útero bastante favorável, pode entrar em trabalho de parto a qualquer momento [isto às 39 semanas], se tal não acontecer, volte nesta data para irmos para a indução."
 
Fiz tudo aquilo que dizem para se fazer para induzir o parto, subir e descer escadas, andar, andar em areia, comer picante, sexo, dançar.... pronto, aqui para nós, se calhar não abusei nestas coisas, mas a verdade é que nada resultou.
 
E já não bastava estar nervosa com a indução, ainda por cima estava a ter relatos que o hospital estava lotado, e que muitas vezes mandavam as pessoas com indução para trás. Uma rapariga só à 4a vez é que ficou lá.
 
Na quarta feira de manhã, estava eu de 40 semanas + 6 dias, lá me apresentei eu no hospital, já com a malinha e tudo. Nessa noite já mal tinha dormido. A médica faz a avaliação (colo do útero favorável, mas não estava ainda com dilatação) e telefona para saber se há vagas para indução. Nops, nada, niente. Para voltar no dia seguinte, ir às urgências dizer que estava com 41 semanas e era para fazer indução. Entretanto pede-me autorização para fazer o "toque maldoso" e diz que provavelmente a coisa ainda se desenrolava durante o dia.
 
Pois, não desenrolou. E eu cada vez mais nervosa. Nesse dia já não fiz nada de especial para induzir, desisti disso tudo, e aproveitei para namorar um bocado. Relaxar. Afinal de contas, se tudo corresse bem, não iriamos ter tempo a dois assim tão cedo.
 
Mais uma noite mal dormida e a estreia a ir às urgências (o que ás 41 semanas de gravidez, é muito bom sinal). Descobri que as urgências ficam mais longe do que estava à espera. Portanto, sim, fizemos uma bela caminhada para chegar até lá. Para não agoirar, disse para ele deixar a mala no carro, eheh.
 
Chegámos, fizemos a inscrição...e esperámos. Imenso tempo. Depois, lá fui chamada para a triagem. E depois para o CTG. Este acusava contrações mas nada regulares e nada que sentisse. Depois mais tempo de espera.
 
Estava eu a voltar de uma ida ao WC quando fui finalmente chamada. Umas perguntinhas e "ponha a sua roupa neste saco, os seus sapatos neste e vista isto". "Isso significa que vou ficar internada?" "Vai sim. Eu atrasei um pouco a consulta pois estava um quarto quase a vagar e assim fica já hoje internada, escusa de ter de voltar depois".
 
Era real! Iria ser naquele dia!
 
Toca a telefonar ao marido, que estava do outro lado à espera, para lhe dar a roupa e para ele ir buscar a mala ao carro. E ele atendia o telefone? Não. Já estava a entrar em stress quando ele atendeu (tinha tirado o som).
 
Passado estas peripécias, fico instalada no meu quartinho de indução, muito fixe por acaso. Marido a acompanhar, devia ser por volta da hora de almoço. Entretanto começa a medicação, comprimidos na bochecha para fazer a dilatação.
 
Passado pouco tempo o CTG começa a acusar que o batimento cardíaco do bebé começou a descrescer. Vieram logo 3 pessoas para o quarto, tive de me pôr de 4 e puseram-me a oxigénio. Quando regularizou, fiquei deitada de lado até ordem em contrário.
 
Ai, o que me custou. Ainda por cima não aguentava essa posição muito tempo, por causa da ciática. Uma eternidade depois (vá, nem deve ter sido uma hora), lá apareceu uma enfermeira (que foi quem me acompanhou naquele dia e noite) que esteve a verificar que estava tudo bem, deu-me ordem para sair daquela posição, trouxe comida, bola de pilates, enfim, estas coisinhas todas.
 
E lá fiquei eu, à espera das coisas evoluírem. E elas evoluíam leeeeeeeeeeentamente. O colo do útero custou a apagar e depois a dilatar. Vamos dizer que eram umas sete da tarde quando comecei a sentir contracções com dor. Passei a noite com elas de 4/4min ou 2/2 min (dependia se tinha tomado o comprimido há muito ou pouco tempo). Disse ao marido para ir para casa descansar pois aquilo estava bastante demorado. Não consegui descansar nada, não tinha posição para estar nem conseguia nada que me aliviasse a dor. Quando ele chegou no dia seguinte, em vez de uma rapariga ansiosa mas feliz, deu com uma rapariga já bastante nervosa e super cansada (que se fartou de chorar quando o abraçou).
 
Mudança de turno, a enfermeira que me tinha acompanhado diz à outra o que se tinha passado e que a médica ainda não autorizava nenhuma analgesia, pelo menos até ter atingido os 3cm (estava com 2 dedos há para aí umas 12h). Até me perguntaram se eu tinha feito alguma operação no colo do útero, que achava estranho ele estar tão mole mas ao mesmo tempo demorar tanto a apagar e dilatar. Esta nova enfermeira ficou escandalizada com a médica e foi fazer pressão para me darem a epidural. Segundo ela, já tinha 2 dedos e meio, com um bocadinho de força, já chegava aos 3 cm.
 
Finalmente levei a epidural. Finalmente consegui descansar. E depois acabaram-se os movimentos. Levei soro e oxitocina, e fiquei com as pernas dormentes, uma junção da epidural e de estar tanto tempo deitada. Mas a dilatação começou a acontecer. Cada vez que me iam ver, tinha mais dilatação. Quando ia pedir um último reforço de epidural, já ao final da tarde, tinha chegado aos 10 cm, e passaram-me logo para a sala de partos.
 
O quê? Já?! Mas eu não sinto nada! Vontade de fazer força, que é isso? Pois, essa parte não correu nada como imaginado. Resumindo e concluindo, teve de ser ventosa e força na barriga para ele sair. Marido à espera no corredor. Mas saiu, bem de saúde, eu também fiquei bem, e pronto, aquilo passou e não fiquei traumatizada a ponto que não querer ter mais filhos. Mas não, não gostava de voltar a passar por uma indução. Ou então a passar, que fosse como as que me contavam, 2h, 3h, 5h depois de começar a medicação já estavam a ter os filhos.
 
E com isto não quero assustar ninguém, há induções que correm muito bem, outra bem piores que a minha, outras que acabam em cesariana (ao menos escapei-me a isso)... esta foi a minha experiência, para o bem ou para o mal.
 
See yah....

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